O que quer dizer taxa de esforço
Já se questionou porque é que as instituições financeiras lhe pedem
comprovativos de IRS e recibos de vencimento quando solicita um financiamento?
A verdade é que é através destes documentos que os bancos conseguem
calcular a sua taxa de esforço e, assim, decidir se concedem, ou não, o crédito
em questão.
As instituições financeiras estão cada vez mais criteriosas ao
cederem empréstimos e, como tal, precisam de alguns documentos que representem
o histórico de consumo dos seus clientes.
Deste modo, conseguem perceber se o empréstimo será, ou não, um
encargo demasiado elevado para o consumidor.
Calcular a taxa de esforço é essencial para evitar que os
empréstimos desequilibrem as suas finanças pessoais.
Neste artigo explico o que é e como fazer as contas.
Calcular a taxa de esforço e saber como esta pode influenciar o seu
orçamento familiar é o primeiro passo para que a sua vida financeira seja mais
tranquila.
Contrair um crédito é, muitas vezes, a única
forma de concretizar projetos ou de responder a necessidades tão distintas como
ter uma casa ou tirar um curso superior.
No entanto, este percurso para a concretização de um sonho pode
acabar por ser ensombrado por dificuldades ou até pelo incumprimento. E isto
acontece, muitas vezes, porque não se avaliou bem a taxa de esforço.
A consequência é que as prestações para o
pagamento de um ou vários empréstimos acabam por pesar demais no orçamento. E o
dinheiro disponível acaba por não chegar para pagar todas as contas.
Este cenário, que termina muitas vezes em incumprimento e sobre-endividamento
pode ser muito minimizado se calcular bem o impacto desse novo crédito no seu
orçamento familiar.
Por isso, conhecer e calcular a taxa de esforço
é o primeiro passo para evitar este tipo de preocupação.
O que é a taxa de esforço e como
calcular
A expressão taxa de esforço surge muitas vezes
associada ao crédito, quando o processo está ainda numa fase inicial.
E é assim que deve ser, já que deve ser calculada e avaliada antes
de se avançar para um compromisso que vai durar alguns anos.
De uma forma simples, podemos definir taxa de
esforço como a relação entre as prestações dos créditos e o rendimento mensal
de um agregado familiar. É a parte do rendimento que fica afeto às prestações
dos créditos.
A taxa de esforço representa o grau máximo de endividamento associado a créditos que alguém pode ter. Este é um dos fatores que influencia a viabilidade e o valor do empréstimo a ser concedido pelas entidades bancárias.
Se, por exemplo, vai fazer um crédito habitação e já tem, por
exemplo, um crédito automóvel, ao calcular a taxa de esforço deve ter em conta
ambos os empréstimos.
Ao calcular a taxa de esforço consegue avaliar
a sua capacidade - ou a do seu agregado familiar - para cumprir os compromissos
financeiros que assumiu ou pretende assumir.
Como fazer as contas? É bastante simples:
(Encargos financeiros mensais /
Rendimento mensal líquido) x 100
Nos encargos financeiros deverá considerar o
valor que paga mensalmente em crédito à habitação, crédito automóvel, crédito
pessoal, dívida com o cartão de crédito, e outros créditos que tenha.
Note que as despesas mensais referentes a eletricidade, água, gás e
telecomunicações não são consideradas no cálculo da taxa de esforço, contando
apenas os encargos financeiros com prestações mensais de crédito (cartão de
crédito, crédito pessoal, crédito automóvel, entre outros).
No entanto, saiba que, caso
não tenha um crédito à habitação, mas estiver a pagar por uma casa arrendada,
este valor deverá ser incluído nas despesas com encargos financeiros.
Nos rendimentos mensais, deverá incluir, conforme os casos: o seu
salário líquido (se for trabalhador), os rendimentos de rendas (se for
proprietário de imóveis arrendados), a sua pensão (se for pensionista) bem como
outros rendimentos mensais fixos que declara no IRS.
O resultado vai ser expresso numa percentagem,
que indica qual a proporção do seu orçamento mensal que vai ser usada para
pagar os encargos com os seus créditos.
Importância da Taxa de Esforço
Para as
entidades bancárias, a implementação da taxa de esforço certifica a
solvabilidade dos clientes, garantindo que os mesmo têm capacidade para
reembolsar os créditos que lhes são concedidos.
É, aliás, uma orientação do Banco de Portugal para os Bancos
Portugueses.
De uma
perspetiva particular, a taxa de esforço diz qual a capacidade do cliente de
responder às suas responsabilidades financeiras, contabilizando as despesas
fixas mensais e o pagamento da prestação dos créditos.
Garante, por isso, a existência de um bom equilíbrio e saúde
financeira.
Qual a taxa de esforço ideal?
A resposta mais simples é que, quanto mais baixa
for a taxa de esforço, mais equilibrado será o seu orçamento.
Isto porque, depois de fazer face às despesas do dia a dia (tais
como alimentação, transportes e combustível, educação), vai ter mais dinheiro
ao fim do mês para fazer face a outras despesas inesperadas e para construir
uma poupança.
Ainda assim, e para encontrar a taxa de esforço certa para cada
caso, há que ter em conta outros fatores, como a dimensão do agregado familiar
e o rendimento disponível.
Ou seja, uma taxa de esforço de 40% não representa o mesmo para uma
família que tenha 1.500€ de rendimento e para outra que tenha 5.000€.
No entanto, em termos gerais, pode dizer-se que
a taxa de esforço não deverá ultrapassar os 33%, ou seja, cerca de um terço do
rendimento total do agregado familiar.
Contudo, os valores de referência atuais para a taxa de esforço
situam-se nos 50% relativamente ao crédito habitação e outros créditos,
enquanto orientação do Banco de Portugal.
No entanto, é preciso ter em conta alguns aspetos relativos aos
encargos financeiros, no que diz respeito aos 50% de taxa de esforço. Isto
porque o Banco, no crédito habitação, contabiliza um acréscimo de 3 pontos
percentuais à prestação mensal do crédito, de modo a acautelar eventuais
subidas da taxa de juro.
É ainda relevante referir que alguns Bancos consideram 20% a menos
do rendimento atual do cliente com o objetivo de garantir que, caso haja alguma
redução no rendimento, o cliente continua a ter um grau de solvabilidade
satisfatório para responder ao crédito.
Além dos fatores indicados, no momento da análise de solvabilidade
de um cliente, o Banco tem em conta outros aspetos, como loan-to-value (LTV).
O LTV corresponde ao rácio entre o valor do bem que é adquirido, o
imóvel, e o valor solicitado de financiamento.
Outro indicador são as garantias adicionais que o cliente declara
às instituições bancárias, por exemplo a existência de fiadores ou a posse de
outro tipo de património.
Há que ter em conta que, ao contrair um empréstimo, está a assumir
um compromisso durante vários anos.
O facto de hoje o conseguir pagar não significa que, por exemplo, em caso de doença, desemprego ou divórcio, não venha a sentir dificuldades para pagar determinada prestação.
Por isso, o ideal é ter sempre uma margem no orçamento que permita
não só poupar, mas também continuar a cumprir os compromissos caso os
rendimentos diminuam.
Outro alerta: se contraiu um empréstimo com taxa
de juro variável, deve ter em conta que, caso a Euribor suba, a sua prestação
também vai aumentar.
Nota: A regra limite de 50% da taxa de esforço, imposta pelo Banco de
Portugal.
A recomendação do Banco de Portugal
O Banco de Portugal (BdP), que supervisiona o sistema bancário
português, também faz recomendações aos bancos quanto à concessão de créditos,
impondo limites à quantidade de contratos que podem fazer com taxas de esforço
demasiado altas.
Nas suas recomendações, o BdP não fala em taxa de esforço, mas em
DSTI (debt service-to-income), que é a relação entre a soma de todas as
prestações mensais dos empréstimos de determinada pessoa ou família e o seu
rendimento mensal líquido. O que é semelhante a uma taxa de esforço.
E fala num limite - aplicável à maioria dos
casos - de 50%. Ou seja, os bancos também não devem conceder créditos com taxas
de esforço elevadas.
Como melhorar a taxa de esforço?
Dado que a taxa de esforço se refere à relação entre o rendimento e
a despesa com prestações, as soluções óbvias são aumentar o rendimento
disponível ou reduzir os encargos com créditos.
Assim, e para aumentar a receita do orçamento familiar podem ser
equacionadas soluções como rentabilizar um hobbie ou procurar um emprego com um
salário mais alto.
Para baixar as despesas com prestações há igualmente duas
possibilidades: negociar com o banco e procurar, por exemplo, baixar o spread
ou prolongar o prazo do empréstimo, ou usar o dinheiro de poupanças para
amortizar o crédito.
O mais importante é que, caso a taxa de esforço se torne demasiado
alta, tome imediatamente medidas para evitar falhar pagamentos.
Se agir rapidamente, será mais fácil ter margem
para renegociar as condições do crédito ou para pedir apoio gratuito a
entidades que ajudam consumidores em risco de incumprimento.
Fontes:
https://www.santander.pt/salto
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Subscreva o meu Blog e esteja a par das últimas notícias e actualizações sobre o mercado imobiliário.
Se tiver alguma dúvida ou precisar de ajuda, deixe as suas questóes na secção de comentários abaixo deste artigo.
Recomendações e comentários são bem-vindos!
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Comentários
Enviar um comentário