O que é o pé direito
Neste artigo foco-me num desses termos de arquitetura, engenharia e
construção que tanto nos confundem: – o pé-direito!
Pode
parecer que não precisa de saber nada destes palavrões, e que essa tarefa cabe
exclusivamente aos profissionais.
Mas quem quer comprar ou construir uma casa vai ouvi-los várias
vezes, precisando mesmo de conhecer o seu significado para poder interpretar os
desenhos que lhe são apresentados, conseguir comunicar as suas aspirações ao
arquiteto, ou ao construtor, adquirir produtos e serviços de forma
informada.
Então,
provavelmente já ouviu ou leu a expressão pé-direito várias vezes, mas será
que sabe exatamente o que é, e qual a sua importância numa casa?
Neste artigo vai encontrar a resposta a estas questões e muito
mais.
O que é o pé direito?
Chama-se pé-direito à distância (vertical) medida entre o pavimento
(chão) e a parte inferior do teto, ou do forro do teto.
Alguns historiadores registram que na Idade Média era assim que se
chamavam os pilares em que os arcos de uma construção se apoiavam.
Não se
sabe ao certo a origem do termo, mas a verdade é que uma medida tão simples é
capaz de influenciar profundamente a habitabilidade de uma divisão ou de toda
uma habitação.
Na prática qual é a importância do pé
direito?
O pé direito tem uma importância muito maior do que aquela que se
pensa na definição do conceito da habitação e nas suas condições de
habitabilidade.
Se este for muito baixo o ambiente vai ficar mais apertado,
aumentando não só a sensação de calor como a temperatura real, e diminuindo a
sensação de abertura e arejamento dos espaços.
Um pé direito baixo também pode comprometer a utilização do espaço
vertical, como na instalação de um candeeiro de lustre, por exemplo, e impedir
uma eficiente distribuição da luz no ambiente.
Tudo isto se traduz numa falta de conforto acentuada!
Ter um
pé direito muito alto, embora não seja tão complicado nem nefasto para a saúde,
e muitas vezes até possa ser útil e desejável, também pode não estar isento de
problemas, como dificultar a limpeza e a troca das lâmpadas, ou mesmo encarecer
substancialmente a construção da própria casa.
Mas
então, qual é o pé direito adequado? O pé direito adequado é aquele que desejar
e o faça sentir bem, desde que fique acima dos mínimos estabelecidos na lei, e
que já contempla as medidas básicas para garantir o conforto.
Existe alguma obrigatoriedade na medida
do pé-direito?
O Regulamento Geral das Edificações Urbanas (RGEU) estabelece os valores
recomendáveis para garantir o conforto e a funcionalidade da habitação, sendo
que o artigo 65º diz que:
1- A
altura mínima, piso a piso, em edificações destinadas à habitação é de 2,70m
(27m), não podendo ser o pé-direito livre mínimo inferior a 2,40 m (24m).
2-
Excepcionalmente, em vestíbulos, corredores, instalações sanitárias, despensas
e arrecadações será admissível que o pé-direito se reduza ao mínimo de 2,20m
(22m).
3- O
pé-direito livre mínimo dos pisos destinados a estabelecimentos comerciais é de
3m (30m).
4- Nos
tectos com vigas, inclinados, abobadados ou, em geral, contendo superfícies
salientes altura piso a piso e ou o pé-direito mínimo; definidos nos n.°s 1 e 3
devem ser mantidos, pelo menos, em 80 % da superfície do tecto, admitindo-se na
superfície restante que o pé-direito livre possa descer até ao mínimo de 2,20m
ou de 2,70m, respectivamente, nos casos de habitação e de comércio.
A legislação de segurança do trabalho, no Decreto-lei n.º 243/86 de 20 de Agosto, artigo 4º, estabelece que os locais que sirvam de posto de trabalho devem ter as seguintes medidas:
c) O pé direito dos locais de trabalho não deve ser inferior a 3m, admitindo-se, nos edifícios adaptados, uma tolerância até 2,70m;
d) Os
locais destinados exclusivamente a armazém, e desde que neles não haja
permanência de trabalhadores, podem ter como tolerância limite 2,20 m de pé
direito…
Estas
disposições legais destinam-se a assegurar que toda e qualquer construção,
independentemente de ser destinada a habitação ou a posto de trabalho, tenha as
condições de habitabilidade otimizadas.
O pé direito duplo
Actualmente há um outro conceito de pé direito que é importante
referir: – o pé-direito duplo.
O pé
direito duplo é utilizado sobretudo em casas com tetos muito altos ou com mais
de um piso.
Como o próprio nome indica, o pé direito duplo utiliza o dobro da
altura do pé direito padrão para a restante construção.
Neste caso todas as partes da casa têm dois andares, mas o
compartimento com pé direito duplo ocupa todo o espaço dos dois andares,
proporcionando uma integração plena entre os dois pavimentos da casa.
Nas
construções modernas, ou como solução para renovação em casas antigas, o pé
direito duplo é muito usado em áreas mais sociais da casa, como a sala de estar
ou o átrio de entrada, permitindo uma maior amplitude visual, mais arejamento,
maior entrada de luz, e sobretudo muito estilo.
Desta forma é possível obter bonitos efeitos como o da imagem, com
muita luz, claraboias, efeitos tridimensionais que acentuam a verticalidade do
espaço e longos candeeiros suspensos!
Como resolver o problema de um pé
direito baixo?
Apesar de a lei estabelecer uma medida mínima para garantir uma
habitabilidade adequada, é importante referir que esse valor pode não ser
suficiente para garantir que a casa tem as melhores condições estéticas ou para
evitar uma sensação de aperto.
E a verdade é que com a pressão urbanística, a necessidade de
rentabilizar o terreno disponível faz com que os valores sejam sempre tabelados
pelo mínimo, acabando por fazer com que, sobretudo os apartamentos, tenham
tetos que visualmente nos parecem baixos.
Por outro lado, sancas, frisos, adornos e tetos falsos mal
dimensionados agravam muito este problema.
A boa
notícia é que há algumas soluções que podem ajudar a que visualmente os tetos
pareçam mais altos, e as divisões mais amplas!
Aqui ficam algumas dicas:
Dê
ênfase aos elementos verticais –
quando se tem um teto baixo é importante evitar chamar a atenção para a largura
da divisão. Em vez disso devem incluir-se na decoração elementos altos e
estreitos, como ripas verticais nas paredes, por exemplo.
Opte por
iluminação embutida –
esqueça os vistosos candeeiros pendurados do tecto. Com isso apenas vai
conseguir evidenciar como os seus tetos são baixos e acentuar a sensação de
claustrofobia no espaço. Opte por iluminação embutida: – é fácil de instalar e
além de otimizar o seu espaço ainda pode poupar porque as lâmpadas de LED em
foco já são bastante baratas e poupam muita eletricidade.
Escolha
cores bem claras para
enfatizar a sensação de amplitude, e nem pense em paredes e elementos escuros,
que apenas vão mostrar mais claramente a pouca altura do espaço.
Ao
colocar molduras nas paredes escolha uma altura pouco acima do sofá. Nunca as coloque a meio pois apenas vai fazer
uma disrupção visual, como que partindo a parede a meio e tornando o espaço
mais constrangido.
Mobile o
espaço com peças baixas, que
mostrem bem a maior parte das paredes, valorizando toda a altura destas. E
decore com elementos em vidro que, pela sua transparência, não cortam a linha
visual e não perturbam a sensação de profundidade e amplitude.
E por
último pense bem na altura das cortinas! Estas devem ir do chão até ao
teto ou, no máximo, ficando a cerca de cinco centímetros do chão. Qualquer
outro tamanho nada vai fazer para melhorar o estilo e a habitabilidade do
espaço.
Como aproveitar um espaço com um pé
direito alto?
Um pé direito alto abre-nos um mundo de possibilidades!
Pode
fazer um espaço em mezanino, como na casa da imagem acima, onde por cima da
cozinha fica uma agradável salinha de estar.
Pode
fazer de uma das paredes bem altas um ponto focal da sua decoração cobrindo-a
com um revestimento vistoso, na cor e com o padrão que desejar, pois não tem
constrangimentos de contrastes.
Instale
aquele lustre de sonho! Com um pé direito duplo até pode escolher um com um
comprimento de um andar, arrojado.
Instalar
prateleiras do chão até ao tecto não vai pesar e fica com imenso espaço
extra para arrumar ou expor os seus objetos mais queridos… E pode colocar qualquer
decoração que rebaixe o teto sem qualquer hesitação!
Fonte: https://www.homify.pt/
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